Apanhamento
Kaaysá Art Residency, SP, Brasil (2020) ; Galeria Anita Schwartz (2022)
2020
Texto curatorial Bianca Bernardo:
"Apanhamento foi desenvolvida durante o programa de residência Quem Somos Agora, que recebeu a minha orientação curatorial entre os meses de setembro e dezembro de 2020.
Em suas pesquisas artísticas Luisa investiga as fragilidades das paisagens sócio-ambientais em relação às dinâmicas de transformação impostas pela dominação e exploração dos territórios e da expansão urbana.
Mergulhada nos processos de desaparecimento dos sambaquis no litoral brasileiro, a artista identificou pesquisas que deflagram os desmontes a partir do século 16. Os santuários foram consumidos pelo início da colonização como matéria-prima abundante para a produção de cal e emprego na construção civil das edificações e vilas. Já o segundo período de devastação dos sambaquis agravou-se com o plano moderno de abertura de estradas e rodovias e o consequente crescimento desordenado e gentrificação das cidades litorâneas a partir da década de 1960.
Apanhamento é uma palavra que significa simultaneamente recolher, levantar do chão, mas também adquirir, agarrar e roubar.
Luisa apresenta os conflitos e as contradições dos projetos civilizatórios revelando os grandes impactos de devastação desde o desaparecimento das culturas dos povos originários. A instalação é construída por conchas coletadas pela própria artista, amontoadas no chão com um conjunto de seis alto-falantes que agem no processo de erosão da obra através de vibrações sonoras constantes. O atrito das conchas nos alto-falantes criou uma sonoridade similar a das britadeiras e retroescavadeiras que se escutava diariamente nas ruas do entorno, reforçando as dicotomias entre o orgânico e o industrial.
O ambiente se completa com a projeção de um vídeo-performance no qual a artista manuseia as mesmas conchas, em movimentos de formação e deformação de empilhamento.
Três videos registrados pela artista nas ruas de Boiçucnga (Litoral Norte SP), foram projetados simultaneamente em um outro espaço, revelando as dinâmicas dos maquinários e características específicas da região, como os meios de transporte utilizados, a população local e a paisagem sonora do entorno.
Registros fotográficos de Ana Pigosso durante Lemúria, art experience com co-curadoria de Ana Beatriz Almeida, na residência Kaaysá"
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Bianca Bernardo curatorial text:
"Apanhamento was developed during the Quem Somos Agora residency program, which received my curatorial guidance between the months of September and December 2020.
In her artistic research, Luisa investigates the weaknesses of socio-environmental landscapes in relation to the dynamics of transformation imposed by the domination and exploitation of territories and urban expansion.
Immersed in the processes of disappearance of sambaquis on the Brazilian coast, the artist identified research that triggered dismantling from the 16th century onwards. The sanctuaries were consumed at the beginning of colonization as an abundant raw material for the production of lime and use in the construction of buildings. and villages. The second period of devastation of middens worsened with the modern plan to open roads and highways and the consequent disorderly growth and gentrification of coastal cities from the 1960s onwards.
Catching is a word that simultaneously means collecting, lifting from the ground, but also acquiring, grabbing and stealing.
Luisa presents the conflicts and contradictions of civilization projects, revealing the great impacts of devastation since the disappearance of the cultures of the original peoples. The installation is constructed of shells collected by the artist herself, piled on the floor with a set of six speakers that act on the work's erosion process through constant sound vibrations. The friction of the shells on the speakers created a sound similar to that of jackhammers and backhoes that could be heard daily in the surrounding streets, reinforcing the dichotomies between the organic and the industrial.
The environment is completed with the projection of a video performance in which the artist handles the same shells, in stacking formation and deformation movements.
Three videos recorded by the artist on the streets of Boiçucnga (Litoral Norte SP), were projected simultaneously in another space, revealing the dynamics of the machinery and specific characteristics of the region, such as the means of transport used, the local population and the surrounding soundscape. .
Photographic records by Ana Pigosso during Lemúria, art experience co-curated by Ana Beatriz Almeida, at the Kaaysá residence"